Especialistas da USP entendem que a violência estrutural e seus preconceitos devem ser combatidos através da educação, nas escolas, para que a igualdade seja essencial para todos.
A violência estrutural tem aumentado de forma significativa. São histórias que nos causam indignação e mal-estar. O ódio, o julgamento, a grosseria têm vindo à tona com muita facilidade. Mas o que dá direito ao outro de ofender, agir agressivamente e de cometer atos violentos contra o próximo?
Com certeza, em algum momento você já chegou a se questionar: o que está acontecendo com o ser humano? Cada vez mais observamos cenas que chocam, constrangem, nos deixam sem palavras. Intolerância, ódio, raiva, estupidez, nunca antes tivemos que conviver com pessoas com os nervos à flor da pele da forma como isso tem ocorrido nos últimos tempos.
É o negro que sofre discriminação no prédio onde mora, por parte de um morador, ou a doméstica que é agredida enquanto lava a calçada com uma mangueira, ou a jovem que apanha dentro de uma academia.
Igualdade na sociedade
O psicanalista Christian Dunker, professor do Instituto de Psicologia da USP, entende que o aumento da igualdade na sociedade é o que causa parte dessas reações. Esses atos são o progresso da democracia. Houve um empobrecimento da alma, que fez com que a agressividade se transformasse em violência, deixando as pessoas mais intolerantes. O aumento da violência está cada vez mais presente no cotidiano das pessoas: é a violência social e muitas vezes a violência estrutural.
Pessoas que pregam o ódio a desconhecidos, tornando esse um método cotidiano e, o pior de tudo, parecendo ser natural.
Dunker avalia que a violência social chegou a um grau tão avançado que o sofrimento do outro não causa mais a compaixão, ou seja, se deseja a “morte” como merecimento de seus atos. É a violência aplicada no último estágio de destruição.
O filósofo Renato Janine Ribeiro, professor de Ética e Filosofia Política do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, entende que é um fim de contenção, sem limites. Janine também concorda que a desigualdade social está relacionada com a violência e diz que a violência estrutural e seus preconceitos devem ser combatidos através da educação, nas escolas, explicando a igualdade desde a creche, para que a igualdade seja essencial para todos.